Passos surreais e docemente barrocos.
(Às vezes penso que bicho é esse.
Oferto-me ao zoo, junto aos pandas.
Afinal tenho polegar e cara de afeto)
Gosto de jazz e da língua portuguesa.
E vivo em guerra contra dias obscuros.
A arte de reabrir as covas da alma
está no alinhavar do que se esconde;
só os autófagos quebram silêncios
e definir-se não é senão devorar-se.
Na borda do precipício de tantos totens,
emudeço as reservas confessionais.
Mas alguns versos saltimbancos
desvelam meus piões quebrados.
E me expõe nu como um medo de morte.
A poesia é pródiga em mostrar as cartas.
De mais, busco manhãs claras para colher
um pouco de lucidez para meu caldeirão
onde estão, sempre ferventes, o assombro
e a perene desconfiança no ser humano.
Assim, sou. Ou estou? Sabe-se lá!
1.6.18