Alfredo Rossetti
LUZ DE ALPENDRE
POESIA
Sítio de Poesia
POESIA
LUZ DE ALPENDRE
1ª edição
Capa e projeto gráfico
LAU BAPTISTA
Revisão
AMANDA FURLAN
FICHA CATALOGRÁFICA
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Rossetti, Alfredo
Luz de Alpendre / Alfredo Rossetti –
1. Ed. – Ribeirão Preto, SP
Editora Coruja, 2013
108 pg.
ISBN – 978-85-63853-37-0
1. Poesia. Literatura, A. Rossetti
org. II Título
CDU 631:45
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Editora Coruja
Rua Américo Brasiliense, 1108
Ribeirão Preto – SP
www.editoracoruja.com.br
À SOMBRA DA POESIA
Que dizer de um poeta quando é Poeta Maior?
Já conhecia o Alfredo Rossetti de Colheita dos Ventos, livro que me deixou desconfiado do que agora, com este Luz de Alpendre já não deixa dúvida alguma: trata-se de poesia para estar entre as melhores que se praticam no Brasil.
Grande parte de sua produção poética é vazada em versos curtos heterométricos e estrofação irregular, como é a poesia de nossos tempos. Da tradição poética, o que o Alfredo anda retém, como uma espécie de memória, um de seus temas recorrentes, são as rimas, muito mais como recurso sonoro, como eco natural, do que o esquema rígido que muitas vezes força o poeta a desviar-se do sentido pretendido. A rima do Alfredo acontece naturalmente, quando o próprio verso a pede. Ela é inteiramente ocasional.
Seus versos mantêm a tensão rítmica que os diferenciam da prosa pela justeza e seleção das palavras, que se atraem, se aglutinam, que formam uma unidade indissolúvel. Seu vocabulário é rico, com verdadeiros achados como no final da estrofe abaixo:
E nós, pobres criaturas lentas (porque o somos no amor) nos socorreremos atrás, feito bote sem poita.Rico sim, o vocabulário, na variedade e propriedade de seu uso, contudo extremamente econômico.
Ainda sobre a sonoridade de sua poesia, é um belo exemplo de aliteração o poema que segue:
Jogos de luz e sombra, a constante plasticidade dando muitas vezes corpo a questões metafísicas, eis uma poesia que encanta por seu intenso lirismo, mas que perturba por tudo aquilo que levanta da condição humana. Ainda sobre o lirismo de sua poesia, deve-se destacar que o Alfredo não geme e não chora, ao falar de si mesmo (na infância, a que recorre muitas vezes; na atualidade, em sua condição de poeta). Seu lirismo é do tipo que se pode chamar de eriçado, cheio de ironia sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca.
Entre a diversidade de temas de que se compõe este livro, como o tempo, a memória, a infância, o non sense de que muitas vezes se tece a vida, pode incluir a própria poesia, ou metalinguagem, como preferem os acadêmicos. Um bom exemplo está no poema em prosa abaixo:
ANGÚSTIA QUE VIVIFICA Ao Sr. Lara – Basta estar feliz (ou supostamente) para que as palavras fujam de mim. A poesia vem do que me amura. Da falta de sintonia com a vida à margem do caos e com o que restou como traços que se perdeu num dia que, acreditem, era de sol.O alpendre já está iluminado. Entre, por favor, e sente. A poesia vai começar.
Menalton Braff
Dedico este livro a Silvio Zanatta
Não só poesia que faço.
Não só verso que componho.
O que tenho feito de meus tempos
é burlar minha loucura.
(A.R.)