poemeto (sonoro)
ao mago Hermeto Paschoal
o tudo toca
o nada canta
a toca toca
toca e canta
até o pato toca
e o mato canta
revigorizar
re vidar re tirar re mover
tal e qual o total do mal
da fala da sala do sal
quatro
a tarde a chuva a janela a vida
a vida da janela na chuva de tarde tarda a vida
na chuva da janela a janela da vida
na chuva de tarde a chuva na janela
da vida de tarde a vida é tarde
é janela a chuva é vida
a vida nasce a vida morre na tarde
enquanto isso lá fora a chuva e a tarde
se enamoram por um canto de jardim
cá a janela introduz na vida
como um novo amor: o olhar
por fim o olhar e o jardim
cumpliciam-se com a tristeza do ocaso
.
o dízimo
a sacola passa
e ultrapassa
a massa
a seita cresce
e escurece
a messe
a plebe
submissa
purga omissa
a sacola cresce
e ultrapassa
a seita
e escurece
submissa a plebe
omissa
purga
a messe
e a missa
passa
.
sexo
a corrente
em busca do verso
prenuncie a letra pronuncie o nome
a palavra profetize
arrume a rima reme
em rumo da não meta
a metáfora fora de uma cor
rente à corrente da vaga
que surge a grave que supre
a suprema forma do canto
qual santo acalanto
poetize
sempre
poetize
quando
poética 1
mate não tema
anátema
da gema
mate não
aparte
arremate
o lema
mate não
clame
chame
o fonema
embate
o tema
poemate
poética 2
me caço
sem laço
não me acho
nem em cima
nem na rima
nem em facho
me calo
no embalo
que quem fugiu
– vassalo –
e dormiu
quando ao sol surgiu
no gargalo
e ruiu
num pequeno e sutil
estalo
.