Dois amigos na rua
Socializam suas pedrinhas
Ao largo das vidas
Que se alteiam do sonho
Antigo, do drop out.
Da margem vejo sobras
Das minhas escolhas
Nas pulseiras de couro
Estendidas na calçada onde,
Tudo que é sujo, limpa-se
Pela ideia de ser livre.
Olhos azuis da criança
Presente me denunciam:
O invasor do momento
Em que tudo me divide.
Ao lado, gente e mochilas
Esperam, rostos em fadiga,
Ônibus e amanhãs repetitivos.
Encosto junto a elas.
Sem a porção de asas
Dos passos anteriores
Desolo-me ante a sujeira
Que assisto como um palco.
Tudo é decrepitude e ruir.
Seres humanos corroem
O que respiram. Enfeiam
O que seria suas molduras.
Distorcem o que sempre
Serviu a todos, os tapetes
de benquerenças e afagos.
Torturam todas as tradições
Do asseio, mortas em fotos
Antigas da cidade do café.
Jogam o lixo ao redor
Como se os engolissem.
Miram a fealdade do feito
Como meças ao espelho.
O que veem não os abatem,
Antes parece os confortam:
É quando tudo se mostra tardio.
Suas escolhas já os devoraram.
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