Fixo no muro de pedras
outro olhar,
o da fantasia.
Vejo rostos disformes/
mitológicos
que deveriam assustar,
posto estarem na posição e essência
de espelho de labirintos
prontos a vasculhar o que penso (e vejo)
enquanto doido
na banda
em que transito a maior parte do tempo.
A razão – censora da mente,
previne serem as pedras colocadas por gente.
Supõe um pedreiro que não tinha tempo
para carregar um escultor em si:
sobrepôs pedras como seu ofício
sem a doença de pensar em legado
(jamais sonharia em desvendar almas).
Mas o muro ali está
pequenas manchas
(heras?)
me repartem
entre nossas existências.
A janela que sequer se surpreende
como cúmplice de um vagar de espírito.
Os rostos ali pontificam espectros:
máscaras que um dia terão vida
aprumam versos de como resistir
contra a irrealidade de pântanos
que tende a deixar marcas.
21.11.18