Ontem no velório rostos do passado
choravam a morte.
Eu chorava a vida.
Eu chorava pelos rostos cindidos
e ações não governadas.
Eu chorava pelos olhares que me viam
e não me viam;
eu chorava pelo que viam.
De um lado a morte incontestável
como a fé,
de outro o do rosto do passado que sempre viam.
Ontem no velório percebi que morremos várias vezes
e senti que chorava uma delas.
25.10.2001
OLHARES MORTOS