Passos surreais, docemente barrocos.
(Às vezes penso que bicho é esse.
Oferto-me ao Zoo, perto dos pandas.
Afinal, tenho polegar e cara de afeto).
Gosto de jazz e da língua portuguesa.
Vivo em guerra contra dias obscuros.
A arte de reabrir as covas da alma
Está no alinhavar do que se esconde;
Só os autófagos quebram silêncios.
E definir-se não é senão devorar-se.
Na borda do precipício de tantos totens,
Emudeço as reservas confessionais.
Mas alguns versos saltimbancos
Desvelam meus piões selados.
E me expõe nu como anúncio de morte.
A poesia é pródiga em mostrar as cartas.
Destarte, busco manhãs claras para colher
Um pouco de lucidez para meu caldeirão,
Onde está, sempre fervente, o assombro,
Perene olhar de soslaio na humanidade.
Assim, sou. Ou estou? Sabe-se lá.
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