Ontem à tarde o sol suspirou de amor.
Solfejou um minueto,
eclipsou sua clave.
Parecia loucura, mas
era mesmo o gênio
que doura o trigo,
morena o rincão:
o natural prêmio.
Não há nada demais no suspiro.
Se tudo que vive
ama, tem de amar
quem à vida cria,
fertiliza e cura.
o que faz até desbrotar,
se não lhe há benção,
respeito e ternura.
E a lava sensual na terra respingou.
E dois raios fugiram,
pois era festa;
febris nos mananciais
amainaram todas
as dores da terra,
derreteram a treva,
escancararam os portais.
Ontem à tarde o sol suspirou de amor.
E à noite,
pavoneou-se todo
e pôs o mundo cabalmente a sonhar…
07/02/2002
SONHO UNIVERSAL